terça-feira, 1 de abril de 2008

Alguns Nacionais.

De agora em diante publico nesse espaço impressões sobre filmes exibidos nessa edição de "É tudo Verdade".
Ei-los:

O TEMPO E O LUGAR
Dir:Eduardo Escorel

Apesar de um bom personagem,tem todos os hediondos vícios do "documentário brasileiro".Você pode ver o Globo Repórter na sua poltrona,não se faz necessário ir ao cinema!

HISTÓRIAS CRUZADAS
Dir:Alice de Andrade

Um belo retrato de filha a pai,sem sentimentalismos.O pai em questão é Joaquim Pedro de Andrade,um dos melhores diretores que já existiram por aqui.Belas imagens de arquivo.

SUMIDOURO
Dir:Cris Azzi

Sobre uma população ribeirinha do Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais,que se move para outro lugar em razão da construção de uma hidrelétrica.Impressionista e com belas imagens,não se sustenta inteiramente,mas é o destaque até agora,um tanto por se diferenciar mesmo da produção corriqueira no país

Noite de Estréia.

Bem,teve início na última quarta a edição desse ano do festival internacional de documentários "É Tudo Verdade",aqui em São Paulo.
Abrindo com a produção francesa "Stranded" ,dirigida pelo uruguaio Gonzalo Arijón.
A história da queda de um avião uruguaio com destino ao chile nos Andes,em 1972, já havia rendido uma ficção furreca de hollywood(Vivos).
Aqui,através das memórias dos sobreviventes, destrincha-se uma situação brutal e imposta,uma verdadeira provação mesmo:a luta pela vida em um ambiente em que a natureza se põe predatória ao homem.
Conduzido com maestria(nas reencenações na neve,a fotografia é belíssima),o filme tem seu grande trunfo em não colocar em xeque questões morais(a decisão pelo canibalismo,por exemplo),mas sim em expor a fragilidade humana que leva a superação.
"Stranded" faturou o Prêmio Joris Ivens de melhor filme no IDFA de Amsterdam,talvez o maior festival do gênero.
E o hermano Gonzalo mostrou-se uma grande figura,bom de papo e de copo,acompanhando-me com outros companheiros madrugada afora pelas irremediações do Cinesesc,Augusta abaixo.
Um Brinde a ele e a esse belo início de festival!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O Fim do Homem

FINIS HOMINIS(1971)não deixa de ser uma espécie de ruptura com Zé do Caixão.
Depois de ter sua obra-prima RITUAL DOS SÁDICOS(1970),vetada pela censura federal,Mojica radicalizou mais ainda(se é que fosse possível).
Criando um personagem totalmente oposto(uma espécie de messias que surge do nada,auto-denominado Finis Hominis-"o Fim do Homem" em latim)ao famoso coveiro,estava de volta a invenção.
Anárquico,inquietante,o filme é um primor,vale rever em DVD.
Logo Mojica retornará com Zé do Caixão em nova produção,dessa vez com mais facilidade para produzir do que o habitual.
Tomara que ocupe lugar merecido,este que é o talento mais negligenciado do cinema brasileiro.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O Menino dos Cabelos Verdes

Assim como Jules Dassin,Joseph Losey foi outro diretor americano a construir sua carreira na Europa.
Durante o final da década de 1940 até meados da década de 1950,uma intensa patrulha anti-comunista comandada pelo senador Joseph McCarthy atingiu em cheio Hollywood.
O Macarthismo levou muitos profissionais,impedidos de trabalhar,a mudarem-se para outros países.
Filmando principalmente na Inglaterra,Losey realizou filmes notáveis como:THE SLEEPING TIGER(1954),O CRIADO(1963)e ESTRANHO ACIDENTE(1967).
Sua fase anterior americana também se destaca,como em sua obra de estréia O MENINO DOS CABELOS VERDES(1948).
Partindo de uma premissa estranha(um menino que da noite pro dia acorda com os cabelos verdes)constrói-se uma brilhante parábola contra a intolerância,com ecos anti-belicistas.
O menino é interpretado por Dean Stockwell,que adulto,faria filmes de Wenders,Lynch e Coppola,entre outros.
Uma grande história contada com sensibilidade pelo mestre Joseph Losey.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Dassin

Jules Dassin nasceu no ano de 1911 em Middletown,Connecticut,EUA.
Filho de judeus russos,construiu brilhante trajetória como realizador no cinema.
Após alguns anos no teatro ídiche,sua estréia deu-se com o curta THE TELL-TALE HEART,em 1941.Na década de 1940,fez ainda sete longas para a Metro,dentre os quais:BRUTALIDADE(1947),com Burt Lancaster e Hume Cronyn e CIDADE NUA(1948),com Gene Tierney e Richard Widmark.
Mas foi na França,onde radicou-se devido ás perseguições do macarthismo,que realizou sua obra-prima:RIFIFI,em 1955,que lhe rendeu o prêmio de direção em Cannes,muito em parte pela magnífica sequência do assalto a joalheria.Uma espetáculo de mise-en-scene,em quase 30 minutos de silêncio.
Jean Servais tem uma das maiores interpretações masculinas do cinema,como o gângster trágico e decadente Tony le Stéphanois.
Dassin ainda interpreta o especialista em cofres italiano,sob o pseudônimo de Perlo Vita.
Fixando trabalho na Europa,realizaria NUNCA AOS DOMINGOS(1960)onde dá início a uma parceria que se estenderia por toda a vida,além das telas,com a musa grega Melina Mercouri.
No filme,Dassin intepreta o professor americano Homer Thrace,que,de férias na Grécia,acaba se encantando com a prostituta Ilya(Mercouri),que trabalha com alegria todos os dias no porto de Pireus,menos aos domingos;dia de ver as tragédias gregas no teatro.
TOPKAPI,brilhante comédia de 1964,faz alusão a Rififi,sob a premissa de mais um roubo milaborante,em nova sequência milaborante.
Dessa vez o objeto de desejo é uma adaga encrustada de diamantes em um museu de Istambul.
Melina Mercouri e Maximillian Schell interpretam os mentores da guangue de assaltantes, escorados pelo ótimo Peter Ustinov,como um idiota infiltrado pela polícia turca.
O grande Akim Tamiroff também se destaca,como um cozinheiro permanentemente bêbado.
Voltando a filmar nos Estados Unidos em 1968,seguiram-se mais cinco filmes,até sua derradeira obra CÍRCULO DE DOIS AMANTES,em 1980.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

No Country for Old Men

Entra em cartaz a obra-prima dos irmãos Coen.
Vi o filme no encerramento da última Mostra,postei uma crítica no blog da mesma,á época.
Estreou recentemente também outro destaque da Mostra:Paranoid Park,o melhor filme de Gus Van Sant.
Assim como No Country... foi o melhor filme do festival.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

X e o triunfo do Filme B.

Roger Corman,o produtor de 381 filmes,realizou em 1963 X(O HOMEM DOS OLHOS DE RAIO-X).
Homem notável no cinema americano pós-guerra,Corman foi o principal propagador do Filme B,popular e de baixo orçamento.
Lançou,entre outros, Jack Nicholson(no episódio O CORVO,adaptado do conto de Edgar Allan Poe)em sua TRILOGIA DO TERROR,também em 1963.
Nesse delicioso filme,Ray Milland é um médico que se dedica a pesquisar o efeito do raio-x na visão humana,ele próprio servindo de cobaia.
Destaque maior para a impagável sequência da festa,em que Milland descobre o lado mais prazeroso de seu poder.